Helicobater pylori

Autores: Reinaldo Benevides dos Santos1, Dr. Jorge Carvalho Guedes2

1 Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina
2 Médico Gastroenterologista e Professor da Universidade Federal da Bahia

 

O que é?

É uma bactéria que coloniza constantemente o estômago humano e mesmo com a estimulação de resposta imune, na maioria das vezes, ela não é eliminada.

O H. pylori é um agente muito comum em diversas populações, em especial as mais pobres, e não raramente sua investigação é pouco valorizada. Estima-se que mais de 50% da população mundial está infectada, sendo essa prevalência de 10% nos países mais desenvolvidos e de até 90% em países pobres.


Patogenia (Como acontece?)

Higiene precária e condições sanitárias inadequadas são fatores importantes para aquisição da bactéria, em geral na infância.

As rotas mais comuns de infecção são as interpessoais: via oral-oral, gastro-oral, como na exposição ao vômito de indivíduos infectados, e fecal-oral (por meio da água, comida ou do ar contaminado). Evidências também sustentam a importância da transmissão em creches e escolas onde crianças se aglomeram.

Estudos mostraram que o número de infectados pelo H. pylori é mais alto entre os indivíduos que trabalham em hospital e que tenham contato direto com paciente ou trabalham com endoscopia, se comparado com trabalhadores que não tenham esse contato direto. Outra tendência importante é a maior prevalência de infecção no pessoal de enfermagem.

O H. pylori invade a camada protetora do estômago, liberando substâncias, que podem danificar direta ou indiretamente o estômago.


Sinais e sintomas (O que se sente?)

Não há sinais clínicos ou sintomas específicos em pacientes infectados pelo H. pylori. A grande maioria das pessoas infectadas não apresenta sintoma algum e nunca desenvolverão problemas. Entre os sintomas associados estão: dor ou desconforto no abdome, sensação de empachamento após se alimentar, enjoo, vômitos, diminuição do apetite e fezes enegrecidas em caso de úlcera.

Na verdade, os sintomas se manifestam de acordo com a doença que se desenvolve a partir da infecção pelo H. pylori. Entre as principais desordens estão a gastrite (inflamação do estômago), que não provoca sintomas, gastrite atrófica (o estômago já apresenta uma perda parcial de suas funções, sobretudo na capacidade de secretar ácido e substâncias que ajudam na absorção de ferro e vitamina B) e a úlcera (gástrica ou duodenal), essa sim capaz de provocar dor.


Evolução

Alguns passos da progressão da doença já são bem descritos. O primeiro passo é uma gastrite crônica, que progride após certo tempo para o segundo passo que é a gastrite atrófica. O terceiro passo é a metaplasia (alteração das células do estômago) e, por fim, o último passo é o adenocarcinoma (câncer gástrico), que vai ocorrer apenas em raros casos. Esse processo é muito lento e pode parar em qualquer um dos passos porque a formação de um câncer gástrico requer diversos outros fatores para se desenvolver, e não apenas a infecção pelo H. pylori.


Diagnóstico (Como seu médico irá diagnosticar?)

Não há necessidade de se investigar a presença do H. pylori em todos os indivíduos com queixas abdominais.

O H. pylori costuma ser diagnosticado após endoscopia com biópsia, mas existem alguns outros métodos diagnósticos como: o teste de depuração respiratória com uréia marcada e a pesquisa de antígenos fecais de uso menos frequente.


Tratamento

Nem todos os indivíduos possuem indicação absoluta de tratamento. O ideal é que você converse com seu médico e, juntos, avaliem a real necessidade de erradicar a bactéria.

Há alguns casos em que os Consensos indicam tratamento e erradicação da bactéria:

O tratamento, em geral, é feito com a utilização de dois antibióticos associados a um inibidor de bomba de prótons (diminuem a acidez gástrica). Apenas pacientes que tiveram um teste positivo para o H. pylori devem ser tratados.

É extremamente importante seguir e completar a prescrição. Converse com seu médico sobre possíveis efeitos adversos das medicações. Alguns pacientes reclamam de alterações do paladar e enjôos.

Acabei o tratamento!! Estou livre?? Um novo teste diagnóstico deverá ser realizado depois de três meses do fim do tratamento para verificar se ele foi eficiente, em casos de persistência de dor ou casos de úlcera complicada. Em geral, em pessoas que ficam sem sintomas não é necessário repetir o teste.

E se eu estiver grávida? Se a infecção pelo H. pylori ocorrer durante a gravidez, o tratamento deverá ser adiado para o pós-parto devido aos efeitos danosos ao feto de algumas drogas usadas na terapia para erradicação.


Prevenção

Como a principal via de infecção é a ingestão de alimentos contaminados, medidas de higiene no manuseio e preparo dos alimentos são fundamentais.

Se seus pais apresentam história de câncer gástrico, cuidado especial deve ser tomado caso você esteja infectado pelo H. pylori. Além de um tratamento precoce, um acompanhamento cuidadoso deve ser realizado. Em qualquer paciente com lesão pré-cancerosa deve-se tratar para o H. pylori.

Deve-se estar alerta sobre a importância de completar o tratamento a fim de evitar recaídas e prevenir o surgimento de resistência aos antibióticos.

 

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