Esteatose Hepática
Autores: Izzo Antonio Belarmino Araújo1, Dra. Delvone Freire Gil Almeida2
1 Faculdade de Tecnologia e Ciências, Faculdade de Medicina
2 Médica Gastroenterologista e Professora da Universidade Federal da Bahia
O que é Esteatose Hepática?
Esteatose hepática, também conhecida como fígado gorduroso, define-se como o acúmulo de “gotas de gordura” no fígado, devido ao excesso de triglicerídeos armazenados no fígado. A esteatose hepática não é uma doença. É uma alteração dos hepatócitos que ocorre em conseqüência de diversas desordens metabólicas.
O que pode causar a gordura no fígado?
A principal causa da esteatose hepática é o consumo excessivo de álcool, seja com sua ingestão diária ou apenas nos finais de semana. Outras causas importantes são: diabetes, obesidade e níveis elevados de triglicerídeos no sangue. Outras causas incluem medicamentos, toxinas e erros no metabolismo.
É comum a gordura no fígado?
Estudos revelam que a esteatose hepática, quando não é causada pelo consumo exagerado de álcool, torna-se maior com o aumento do peso corporal. Dois terços dos pacientes com um IMC (Índice de Massa Corpórea) de 30 kg/m² ou mais, e aproximadamente 90% dos pacientes com um IMC maior do que 39 kg/m² tem esteatose hepática.
Estima-se que 20% da população adulta ocidental tenha esteatose hepática, contudo, esta percentagem alcança 80% se for levado em consideração apenas os indivíduos obesos.
O que se sente na esteatose hepática?
A maioria dos pacientes com gordura no fígado não associada ao consumo de álcool, ou seja, esteatose hepática não alcoólica, é assintomática. No entanto, alguns pacientes podem queixar-se de fadiga e dor na parte superior do abdominal. Aproximadamente metade dos pacientes podem apresentar hepatomegalia, ou seja, aumento no tamanho do fígado.
Como o médico diagnostica?
Geralmente, anormalidades nos exames laboratoriais são os únicos sinais da esteatose hepática, com o aumento nos níveis das enzimas produzidas pelo fígado. Porém, esses exames podem ser encontrados nos níveis normais.
A ultrassonagrafia do abdome é o exame de imagem que pode identificar a esteatose hepática.
Qual a evolução da esteatose hepática?
A esteatose hepática em si não parece ser progressiva. No entanto, cerca de 10 a 20% dos pacientes com esteatose desenvolve uma inflamação hepática chamada de esteato-hepatite.
A esteatose, assim como a esteato-hepatite alcoólica e não-alcoólica, habitualmente se resolve com a retirada do fator causal. Assim sendo, caso exista história de ingestão alcoólica, mesmo em pequena quantidade, a mesma deve ser completamente suspensa. No caso da obesidade, a correção do peso corporal se faz necessário lenta e progressivamente, uma vez que a rápida perda de peso está associada com agressão ao fígado e transformação de uma esteatose simples numa esteato-hepatite de natureza progressiva.
Qual o tratamento da Esteatose Hepática?
É importante chamar a atenção para as dietas muito rígidas e que privam o paciente de proteínas e gorduras. Estas não são benéficas e podem ainda trazer malefícios, uma vez que aumentam o risco de fibrose no fígado.
As chamadas dietas desintoxicantes do fígado não encontram respaldo na literatura médica e por isso não devem ser utilizadas.
O paciente deverá fazer uma dieta balanceada, individualizada com o consumo protéico e lipídico garantido de acordo com a necessidade de redução do peso corporal, ou do controle da glicemia, ou ainda, do controle dos níveis de colesterol e triglicéridos.
É recomendável que o paciente procure o seu médico para que o mesmo faça a avaliação das provas bioquímicas hepáticas. Uma investigação minuciosa só será necessária nos pacientes que apresentarem alterações destas provas laboratoriais.
Concluindo, o paciente com esteatose hepática deverá inicialmente tranqüilizar-se, sabendo que quem tem as alterações hepáticas, na maioria das vezes, não apresenta características progressivas. Deverá procurar o seu médico para que o mesmo diferencie a esteatose da esteato-hepatite, e inicie o tratamento após identificar o seu fator causal.
