Doença Celíaca

Autores: Izzo Antonio Belarmino Araújo1, Dra. Delvone Freire Gil Almeida2

1 Faculdade de Tecnologia e Ciências, Faculdade de Medicina
2 Médica Gastroenterologista e Professora da Universidade Federal da Bahia

 

O que é doença celíaca?

A doença celíaca pode ser definida como uma condição na qual existe uma anormalidade na mucosa intestinal que melhora morfologicamente quando tratados com dieta isenta de glúten e recaídas quando glúten é reintroduzido.

A doença celíaca, também chamada espru-celíaco, espru não tropical e enteropatia sensível ao glúten, é uma condição inflamatória que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos, precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten, como o trigo, centeio, cevada, aveia e malte.


Como ocorre a doença?

A doença celíaca é uma desordem auto-imune, isto é, o organismo ataca a si mesmo. Fatores ambientais e genéticos são importantes para o desenvolvimento da doença. Proteínas encontradas no glúten – trigo, centeio e cevada – disparam a inflamação intestinal em indivíduos suscetíveis. A doença causa atrofia das vilosidades da mucosa do intestino delgado, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.


O que se sente?

Indivíduo com envolvimento significativo da mucosa intestinal apresenta-se com diarréia aquosa, perda de peso ou retardo do crescimento e com as manifestações clínicas decorrente da deficiência de vitaminas e sais minerais. Ocorre má-absorção para todos os nutrientes, principalmente carboidratos, gorduras, proteínas, eletrólitos, vitaminas lipossolúveis, cálcio, magnésio, ferro, folato e zinco.


Os sintomas da Doença Celíaca se restringem apenas ao intestino?

Não. Alguns pacientes podem apresentar manifestações extra-intestinais, tais como: erupção na pele (dermatite herpetiforme), distúrbios neurológicos (miopatia, epilepsia), distúrbios psiquiátricos (depressão, paranóia) e distúrbios da reprodução (infertilidade, aborto espontâneo). Todavia, alguns pacientes podem não apresentar nenhum sintoma.


Como o médico diagnostica?

O diagnóstico da Doença Celíaca é estabelecido pelas alterações características encontradas na amostra de intestino delgado obtida por biópsia e pela melhora do paciente ao ser tratado por dieta com exclusão de glúten.

A sorologia através de um exame de sangue é útil tanto no diagnóstico de Doença Celíaca quanto em sua exclusão. São eles: anticorpo anti-transglutaminase tecidual (AAT) e anticorpo anti-endomísio (AAE). Estes exames sorológicos são altamente precisos e confiáveis, porém insuficientes, sendo a biópsia intestinal considerada o padrão ouro para o diagnóstico.


Como é feito o tratamento?

O tratamento do paciente com doença celíaca começa com aconselhamento dietético. Outras questões que precisam ser consideradas incluem abordar necessidades nutricionais (incluindo a prevenção da perda óssea), a monitorização da resposta e avaliação dos pacientes que não respondem.

O tratamento efetivo consiste em uma dieta estritamente sem glúten, por toda a vida. Os pacientes podem começar a apresentar melhora 1 ou 2 semanas após o início da dieta livre de glúten. Não existem medicamentos que previnam os danos, nem que impeçam o corpo de atacar os intestinos quando o glúten estiver presente. Assim que o glúten é removido da dieta, a cura costuma ser total. Nutricionistas e grupos de apoio podem ajudar o paciente e os familiares a se ajustarem a essa dieta radical e garantir que o paciente esteja consciente de quais comidas possuem glúten e como ter uma dieta balanceada, apesar de suas limitações.


Como se previne a doença?

Não existe prevenção contra o surgimento da Doença Celíaca, pois se trata de uma doença auto-imune, manifestada em indivíduos com predisposição genética. Uma vez diagnosticada essa doença, a exclusão do glúten da dieta é fundamental para a prevenção de complicações referentes à doença.

 

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