Acalásia

Autores: Adriana Moura Passos1, Dr. Mateus Fiusa2

1-Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina
2-Gastroenterologista e Hepatologista do Hospital São Rafael

 

O que é?

Acalásia é um distúrbio motor do músculo liso esofágico que se caracteriza basicamente por contrações sem ritmo e relaxamento anormal à deglutição, com hipertonia do anel esofágico inferior.

Nos EUA, a maioria tem origem primária idiopática. A acalásia secundária pode ser causada por câncer gástrico, linfoma, infecções virais, distúrbios neurodegenerativos. Em nosso meio, sempre deve-se considerar a Doença de Chagas como causa da Acalásia.

É raro, ocorrendo em aproximadamente 1 dentre 100.000 pessoas. Acomete pacientes de todas as idades e de ambos os sexos, entretanto ocorre com maior freqüência entre 25 a 60 anos de idade (especialmente antes dos 40 anos de idade).


Como Acontece?

O distúrbio ocorre por uma destruição das células nervosas, responsáveis pelo relaxamento esofágico. Pacientes com esta doença possuem anormalidades no relaxamento do anel inferior do esôfago ( tubo que transporta a comida da boca ao estômago). Dessa forma, há uma barreira para a passagem dos alimentos ao estômago, o que causa seu acúmulo junto a saliva no tubo do esôfago.

 

Quais são os Sintomas?

Os sinais e sintomas da Acalasia geralmente são leves e progridem gradualmente, por isso, muitas pessoas procuram atendimento médico quando os sintomas já estão bastante avançados. As alterações motoras do esôfago produzem obstrução à passagem do bolo alimentar, originando o principal sintoma da Acalásia: a Dificuldade à deglutição. Esta aparece no início com sólidos e evolui para líquidos, podendo ser agravada por estresse emocional, ingestão rápida de grandes quantidades de alimentos e pela ingestão de farináceos.

Dor torácica, halitose e regurgitação também são sintomas freqüentes. A regurgitação de material alimentar não digerido ocorre em 1/3 dos pacientes e pode resultar em crises de tosse - que geralmente aparece quando o paciente se deita - ou mesmo em episódios repetidos de pneumonia e abscesso pulmonar.


Como a doença evolui?

Em geral, a evolução da doença é crônica, com dificuldade progressiva à deglutição e perda de peso leve a moderada durante meses a anos.

Em contrapartida, a dificuldade de deglutição associada a neoplasias caracteriza-se por rápida evolução e perda de peso grave e aguda.

Pacientes com acalasia possuem um risco aumentado de desenvolver câncer esofágico em 1 a 10% dos casos, em um tempo médio de 15 a 25 anos. Por este motivo, se recomenda a realização de endoscopia regularmente para detecção do câncer precocemente.


Como o médico diagnostica?

A Acalásia pode causar alterações na estrutura do esôfago, como dilatação esofágica ou megaesôfago, que podem ser detectadas por exames não invasivos de imagem, tais como a radiografia de tórax e a esofagografia baritada.

Entretanto,a esofagomanometria, exame que mede a pressão nas paredes e anéis do esôfago, é o padrão-ouro para a confirmação da doença. Está indicado principalmente quando os exames radiográficos são normais ou inconclusivos e existem fortes suspeitas clínicas para o caso.

Nas fases iniciais, onde haveria vantagem da manometria, a doença é absolutamente assintomática e os pacientes normalmente não buscam atendimento médico.

Além destes exames, a endoscopia é útil para excluir as causas de obstrução esofágica, em particular o câncer de estômago.


Como é o Tratamento?

O tratamento com alimentos pastosos, em geral é insatisfatório. Os nitratos e os bloqueadores do canal de cálcio promovem benefício a curto prazo e seu uso pode ser limitado pelos efeitos colaterais, como cefaléia e hipotensão.

Outra abordagem farmacológica disponível consiste na injeção de “botox” na porção final do esôfago inferior e pode ser usada quando resultados imediatos são desejáveis. É eficaz durante curto período em alguns pacientes e se aplicada repetidamente pode levar a fibrose, complicando a terapia cirúrgica posterior.

Os pacientes com sintomatologia intensa ou refratários à terapia clínica devem ser abordados por métodos menos conservadores de dilatação esofágica. Duas condutas são aceitas: dilatação endoscópica por balão e cirurgia. A dilatação esofágica com balão, em mãos experientes, é eficaz em aproximadamente 85% dos casos, devendo reservar a cirurgia para casos não responsivos a este procedimento.


Quando devo suspeitar de Acalasia?

Sempre que houver instalação lenta de dificuldade à deglutição e perda de peso ao longo de meses ou anos, associados à regurgitação e tosse crônica (especialmente noturna).

 

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